100 dias de amor

Anderson Carlos da Silva, mais conhecido por “Madeleine” protagonizou uma cena histórica na cidade de Canguaretama. Em agosto deste ano, vestido com um belo vestido branco, disse “sim” ao noivo George Tales da Silva, oficializando a primeira união homoafetiva do Rio Grande do Norte.

Dizem que toda boa história de amor começa com o acaso… E a deles não poderia ser diferente. Num entrevista exclusiva ao Fala Canguaretama, Madeleine conta como tudo começou e faz um balanço dos primeiros 100 dias de casamento.

Como vocês se conheceram?

Nos conhecemos há cerca de dois anos e meio, da forma mais natural possível, no meio da rua. Nesse dia, trocamos apenas alguns olhares, mas três meses depois nos reencontramos e de início já começamos a morar juntos.

E já existia o desejo de oficializar a união?

Sempre tivemos esse sonho e assim que eu soube que seria possível, tratei de dar entrada no pedido. A burocracia foi muito grande, mas para nós dois, alcançar esse objetivo era uma espécie de vitória contra o preconceito.

E agora quais são os próximos sonhos?

Um dos principais motivos da luta para oficializar a nossa relação é pelo fato de que queremos adotar uma criança. Este será o próximo passo. Eu sou cabeleireira e Tales é servente de pedreiro, mas no momento está desempregado. Quando ele conseguir um novo emprego, também correremos atrás desse sonho. Quero adotar uma menina! Outra grande vontade que tenho mudar o meu nome, definitivamente, para Madeleine.

Você fala em vitória contra o preconceito. Esse é um grande problema para vocês em Canguaretama?

Em Canguaretama não, todos nos respeitam, mas em outras cidades sim.

E como as famílias reagiram ao casamento?

Da melhor mandeira possível. Só o meu avô, por causa da idade, foi contra. Mas os nossos familiares só querem nos ver felizes e eles sabem como somos! Os pais de Tales já nos chamaram até para morar com eles, mas nós preferimos construir a nossa própria casa e ela já ficou pronta.

E como tem sido o dia a dia depois do casamento? O que mudou?

Eu diria que o ciúme aumentou (risos). Mas isso não chega a atrapalhar, nós conseguimos superar porque o amor é muito grande.

O que você diria a outros que desejam ter a mesma iniciativa de oficializar uma união homoafetiva?

Eu posso afirmar, que se existe amor, o que se deve é seguir em frente e enfrentar todas as barreiras porque ser feliz vale muito a pena. E nós somos extremamente felizes e companheiros!